18 abril 2006

Miguel

Miguel foi um amigo de trabalho e com quem convivi alguns anos em uma firma de engenharia. Logo no início de nossa amizade, pouco conhecia o Miguel, almoçávamos juntos e comentei um fato, para mim estranho, que corria pela empresa. Nosso chefe, um cinquentão, transava com a secretária, a Wally. Que nome estranho, não? Pois bem, conversando com o Miguel, disse: "Não sei como é que pode uma coisa dessas. O Loretto já tem a mulher dele e ainda dá conta da secretária? Eu quase não estou conseguindo dar conta da minha!" Miguel retrucou: "Quanto tempo faz que você é casado?" "Mais ou menos dois meses." "Daqui a uns dez anos você vai entender como é que ele consegue." E começamos em seguida a falar do seu Fusquinha novo, que ele não tinha comprado ainda, mas que, garantia, jamais iria desligá-lo pois era vidrado naquele barulhinho da marcha lenta. E, para qualquer comentário, sobre qualquer assunto, mesmo de serviço, vinha com sua expressão favorita: "Fala baixo, pô!" Até que a expressão virou um elogio, para nós, eu acho que só para nós, da empresa. "Você viu o novo Maverick, de oito cilindros?" "Fala baixo,pô!"

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