09 junho 2006

Uma geração dançante

Acho que foi o petista Frei Beto que disse: Feliz daquele que completou 20 anos na década de sessenta! Eu fui um deles. Mas, o que interessa agora é que eu fui um dos maiores dançarinos do quarteirão. Naquelas épocas longínquas do século passado havia bailes. Havia o Baile Branco, o Baile Preto e Branco, o Baile de Aniversário, o Baile das Debutantes, e os os Bailes de Formatura. Que delícia! A juventude atual não sabe o que é chegar para uma menina que você simplesmente não tinha coragem nem de conversar e dizer a ela: "Vamos dançar?". Quando ela aceitava e não era sempre, saíamos os dois em direção ao salão, já de mãos dadas ou com a mão em seu antebraço e começávamos a dançar um bolero, um samba-canção, um samba mesmo ou um fox. Na época não se falava blues ou jazz, era fox mesmo. Que sensação deliciosa o contato aquela seda de seu vestido ou o simples contato de sua mão na minha e suas coxas também. Vestido... As meninas usavam vestido. Que coisa linda! Não havia o dijai tocando as músicas, mas sim as grandes orquestras: Sílvio Mazzuca, Laércio de Franca, Lírio Panicalli, Simonetti, Osmar Milani e outras. E tudo isso acontecia em Limeira, nos anos 60. Ninguém se atrevia, na época a tocar uma música sertaneja. Os Chitãos, Zezés, Daniéis e Marianos felizmente ainda não haviam nascido. Tudo era muito legal para os jovens dos 14 anos em diante. Quantos namoros e casamentos não se iniciaram naqueles bailes. Quantos namoros e casamentos se acabaram naqueles bailes... Uma coisa que muito chã era o terno. O homem fica muito fino, muito distinto com um terno. E de smoking então? Meu pai me deu um smoking. Era um show. A coisa mais triste era quando o baile não era a rigor e eu não podia usar o smoking. Existia uma pastilhinha chamada Gin-Sen, originalmente direcionada a dar um bom hálito. Uma vez, ao usá-la a minha parceira de dança me perguntou: "Você está com dor de dente?" "Por que?" "É esse cheiro de remédio que estou sentindo." Foi o fim do Gin-Sen. Mas, a bala Pipper não podia faltar. Há mais histórias a contar. Por favor, me ajudem.

Olha, a juventude de hoje não sabe o que perdeu. E certamente, estes tempos não voltarão. Jamais!