09 maio 2006

Rádios

Pretendo falar um pouco de emissoras de rádio e também um pouco de rádio. Quando eu tinha mais ou menos 20 anos, já meio coroa, comprei um receptor de FM em uma lojinha de Limeira, do Stocco. Era um kit de receptor que a gente tinha de montar numa caixinha de madeira. Montei. Um tempo depois comprei um kit de amplificador mono, que também montei. O altofalante foi mole. Era uma caixinha muito feia, de madeira coberta com um plástico colante que eu não lembro o nome, que imitava madeira. Daí, comecei a sintonizar as FMs: Rádio Eldorado, Rádio Excelsior, Rádio Cultura, etc.. Não sei se é saudade ou se era tudo mesmo maravilhoso. Não havia intervalos comerciais, os locutores eram extremamente profissionais e as músicas eram, basicamente, instrumentais: A Eldorado, como sempre, com suas pitadas de Jazz, a Cultura com suas músicas clássicas e a Excelsior com um repertório baseado praticamente em Big Bands. Embora meu aparato fosse muito simples e monofônico(desculpe o palavrão), as músicas eram ótimas. Morava na época em São Bernardo e fazia faculdade. São Bernardo é muito perto de São Paulo, daí a possibilidade de eu conseguir sintonizar as rádios. Passados 30 anos ou mais chegamos às FMs de hoje. Fora a Eldorado, CBN. Antena 1, Alpha e outras poucas, educativas, o que ouvimos hoje é um pandemônio. Por algum motivo muito forte os empresários de rádio resolveram que os ouvintes das rádios FM são totalmente idiotas, débeis mentais ou o que quer que sejam. Todos os ruídos irritantes existentes são colocados em suas transmissões: telefones tocando, sirenes de polícia, barulhinhos de computador, de viagens espaciais, jogos eletrônicos, roletas, etc.. Além disso permitem a participação do ouvinte que, logicamente, não tem nada de útil a dizer, uma vez que é ouvinte dessas rádios idiotas.

As músicas, quando existem, são as da pior qualidade possível, sempre induzindo os ouvintes imbecis a pedirem bis. E todas as rádios são iguais: Do Oiapoque ao Chuí. Fico me perguntando e aos inúmeros leitores de meu blog: Será que estou ficando velho e, portanto, achando que tudo o que acontecia antigamente era bem melhor do que o que se vê e ouve por aí, nowadays?

Tio Décio

O tio Décio era um tio torto meu. Todo o tio torto tem o dom de se casar com as irmãs de meu pai. Por isso, era tio torto. Mais ou menos quando eu tinha poucos anos, deve ter sido lá pelos 1958, ele me contou uma história: Passava ele pela Avenida São João, em S. Paulo, quando viu uma freira levando uma menininha de seus seis anos pelo pulso. Inteligente e observador que era, disse à respeitosa, porém irresponsável religiosa: "Jovem, por que não pega na mão dessa menininha e a ajuda a atravessar a rua, ao invés de pegá-la pelo pulso, como uma prisioneira, arrastando-a pela cidade?" A resposta: " Essas crianças só me dão trabalho!" Daí me lembrei de um passeio que dei com inha netinha de 3 anos pelas ruas desta gloriosa Limeira. Ela tentava colocar sua mão nos muros das casas, ao longo das calçadas. Eu, um grande educador e filósofo popular de muros, disse a ela: " Ana Cláudia, não ponha a mão no muro pois os cachorros e os homens fazem xixi nos muros de noite." Ela entendeu e continuou pondo a mão nos muros. Hoje, saindo do Banco do Brasil, após pegar milhares de reais para passar os próximos dias, vejo uma mãe, com uma formação cultural um pouca mais baixa que a minha dizendo a um menininho, mais ou menos da idade de minha netinha: "TIRA A MÃO DO MURO!!!!". Esta lição deve ser dada a todas as pessoas que tem netinhos ou filhos nessa idade, 3 anos.


Devido a um pau no Blog, hoje não foi possível mandar uma foto.