01 setembro 2006

Hoje é dia de poesia

PERNILONGO DECIDIDO


Pernilongo decidido
Faz um vôo bem comprido
Lá de cima, em linha reta!
Minha face era sua meta...
E desceu como uma seta
Ou mesmo uma punhalada!
Já era de madrugada,
Pensou que a “meta” dormia...
Mas ao Jô eu assistia
E tentei, numa tacada,
Apanhá-lo com a mão
Mas tudo em vão,
O bichinho
Com brevê de aviação
Entoa um canto fininho
E some na escuridão.
Novamente concentrado
No programa preferido
Escuto um FIUNNN ardido
Da criatura pentelha
A rondar a minha orelha!
Mas me mexo e fico alerta
Sacudo e puxo a coberta,
Abano o ar, me defendo,
E o talzinho, não podendo
Mais pousar, fica irritado,
Alteia um FIUNNN irado
Em volta do meu ouvido,
Fica mais que decidido
E vem de novo atacar!
Mas o FIUNNN poderoso,
Que penetra como um pino
Num ponto meu perigoso,
Transforma-me em assassino:
Desse infame quero a morte!
E pra já quero seu fim!!!
Levanto em fúria e procuro
Um meio de trucidá-lo:
Mas esse inútil tem sorte,
E não consigo apanhá-lo!...
Já é fim de madrugada,
Não pude dormir, nem nada,
Por causa da ousadia
Desse “Sem Sangue” atrevido
Que não conhece o perigo
De uma guerra aqui comigo!
E de novo o persigo,
Louco pra executá-lo
De novo tento pegá-lo
Mas, de novo, não consigo!
Ele some!!! Até parece
Que esse monstro me conhece!
E sabe que tenho um sono
Enorme e que vou dormir...
Paciente, então, ele espera
Que adormeça a “minha fera”...
Sai de onde estava, quietinho,
Tranqüilo, devagarzinho,
Mira uma veia pulsante,
Esse pernilongo errante,
Pousa... leve... em minha testa...
Nada da dança funesta,
Nem do irritante FIUNNN...
Não o sinto, não tem peso,
Sou totalmente indefeso...
E ele faz sua refeição!...
E esse sangue que era meu
Ele suga até fartar!...
Mas acordo enfurecido
Pelo sono interrompido
E o Pernilongo decidido,

Estou decidido a matar!!!



Aguarde:


Pernilongo Decidido,

O RETORNO



Nice Barth
S. Paulo, Maio de 2005