11 maio 2006

Festival de Música Clássica Ligeira

Esse foi o nome da coleção de discos que meu pai comprou quando eu tinha por volta dos 15 anos. Festival de Música Clássica Ligeira, das Seleções Do Reader Digest. Foi aí que eu descobri muitas maravilhas, muitas pessoas maravilhosas: Tchaikovsky, Wagner, aquele do Loehngrin, Smetana, Mozart, Sibelius, Paganini, Schubert, Verdi e muitos outros. Na verdade, não os conheci sozinho. Junto, embaixo do sofá estava meu cão, o Brotinho, que me acompanhava nessas descobertas. Era um cão mestiço de Vira-lata e Lulu. e, como eu, adorava essas músicas esquisitas. A vitrola era uma estereofônica da Philips, com todos os autofalantes num móvel só, o que prejudicava um pouco a separação dos sons. O que me impressionava sempre e até hoje acho muito bonito eram os sons dos sininhos, que, em toda abertura ou grande final aparecem. O som era muito cristalino e maravilhoso. Hoje, com a queda da capacidade de captar todos as frequências sonoras, escuto esses sons apenas na memória. Mas, era muito gostoso. A paz de espírito que me envolvia e ao meu cachorro nos levava, eu diria ao céu. Até hoje essas músicas são para mim uma maravilha. Mais tarde, parti para o jazz americano, a bossa nova, que teve uma influência enorme no jazz e, até hoje continuo ouvindo aquelas músicas clássicas ligeiras e, outras, menos ligeiras e mais intimistas. Infelizmente o Brotinho não pode acompanhar meu progresso em curtir boas músicas. Morreu no meu primeiro ou segundo disco(LP) de jazz. Era o "Modern Jazz the blues In", com Thelonius Monk, Art Blakey and The Jazz Messengers, Ray Charles, Milt Jackson, Lennie Tristano, Charles Mingus e outros. Creio que gostou bastante dessa música, pois sempre estava comigo, depois do almoço embaixo do sofá. Creio que morreria bem antes e muito infeliz, se eu ouvisse essas "músicas" sertanejas de hoje...

Índio não quer mais apito

Observando as notícias sobre o gás boliviano e seu índio presidente, fiquei imaginando, entre todos os nossos ex-presidentes e o atual presidente, qual seria o estadista ideal para conduzir tal episódio internacional de burrices e fraquezas.

Voltando no tempo, aos poucos, vejo FHC em cima do muro, numa atitude tão insólita e irresponsável como a do Lula. Também seria um desastre, principalmente por que iria fazer seu pronunciamento em francês, diretamente da Sorbonne.

Antes dele, Itamar Franco. Este não seria capaz de entender bem a situação, pois ninguém o havia avisado da existência do gasoduto e jamais imaginaria que a Bolívia tivesse mais gás que o estado de Minas. Quem é esse tal de Evo Morales?

Aqui entra o Collor. Subiria ao palanque em Maceió e diria: "Não me deixem só!" E sairia rapidinho para mais uma.

O outro deve ter sido o Sarney. Qual seria sua postura frente a esse problema? Provavelmente escreveria o livro: "As divergências entre países do Terceiro Mundo e suas consequências na gastronomia brasileira", depois de aparar o bigode.

Antes dele houve um vácuo. Não havia presidentes, só ditadores. E os ditadores só fazem o que o patrão manda, os EUA. Teria nesta hora de começar a analisar os presidentes americanos, mas, infelizmente, não sou competente o bastante.

Chegamos a João Goulart. Sensato como era, iria se aconselhar com Brisola, ao pé da churrasqueira, tomando chimarrão. Brisola diria que isso era coisa dos países imperialistas e que Jango deveria inciar uma guerra com a ALCA, apoiado por Cuba. Jango, extremamente acuado, sem dúvida, tomaria mais um pouco de chimarrão e Brisola pediria asilo a Hugo Chavez.

Antes veio o Jânio. Daria uma sapatada na mesa e repetiria aquela frase: "Forças ocultas me impedem de governar!" Que forças, senhor presidente? "Ocultas, portanto, nesta crise não me é possível tomar qualquer atitude, por mais correta que seja. Renuncio!"

Enfim, o último que eu conheci, o Juscelino. Ao saber do desatino, pegaria seu violão e cantaria uma música de roda para o Evo Morales. "¿Qui canto es este?" "Peixe quer mar." E o assunto ficaria para a música, com Morales cantando sua preferida: "Quando sali de Cuba".

OBS.- O pior de toda esta crise é que meu carro é a gás...