31 julho 2006

Montanha

Montanha é uma cidadezinha de Minas Gerais, perto do Espírito Santo e da Bahia. Certa feita, trabalhei na Bahia Sul Celulose, durante três meses. Morava em Pedro Canário, ES e ia todo dia à Mucuri, na Bahia, onde fica a empresa. Foi minha primeira e última experiência como "pião de trecho". Morava em uma república com mais 4 ou cinco pessoas e ficava coçando nos fins de semana. Tinha uma menina, a Débora, que trabalhava como ajudante geral para minha firma que nos convidou um dia para visitar sua mãe, em Montanha, num final de semana qualquer. Ia acontecer um churrasco. Tudo combinado, fomos eu, o Gordo e o Professor. O Professor era um cara já meio cinqüentão, como eu, cheio de contar histórias e de sair pela tangente nas piores situações em que era flagrado. Acho que é por isso que tinha o apelido de Professor. Chegamos no sábado, quase à noite e fomos direto ao churrasquinho. Após conhecer a casa da Débora, percebemos que não dava para fazer um churrasco lá. Arrumamos um bar meio derrubado e fizemos lá a festa. De Pedro Canário vieram também uns gaúchos extremamente grossos que também foram convidados para o churrasco. Nada de excepcional no churrasco, apenas os gaúchos que quiseram tomar umas liberdades com umas menininhas de 8 ou 10 anos de idade, que, já sabiam de tudo sobre sexo e, portanto, não houve maiores conseqüências. A grande sacada foi a estadia. A casa da menina não comportava tanta gente. Uns 4 gaúchos, eu, o Gordo e o Professor e mais o namoradinho da menina, que também trabalhava na Bahia Sul. Mais que depressa fui procurar um hotel e quando estava quase alojado, chega o irmão da Débora e me leva à força para sua casa, dizendo que eles iam dar um jeito e que era uma tremenda desfeita recusar sua hospitalidade. É lógico que as palavras foram outras, mas o sentido era esse mesmo. Assim, me colocaram num quarto com duas camas. Numa delas, dormiu o namoradinho e a Débora. Na outra, eu. Lógico que de roupa, calça jeans, camisa, etc. Não consegui dormir, pois ao me virar para o lado sentia um cheiro horrível de cocô, provavelmente de um pinico colocado embaixo da cama. Fiquei então de costas. O cheiro diminuiu um pouco, mas, daí, a cama ao lado começou a tremer, em movimentos ritmados que me lembravam um coito. Virei para o outro lado e voltei a sentir aquele maldito cheiro. No quarto ao lado a mãe da menina complementava o os movimentos ritmados com um gaúcho. Em outras palavras, não dormi e saí daquela casa às 5 horas da manhã. Fiquei sentado na praça até as 8, mais ou menos e resolvi procurar o hotel para um banho. Quase chegando ao hotel, encontro um rapaz que também trabalhava na empresa e comentei sobre minha disposição de tomar um banho no hotel. "De jeito nehum! Você vai é lá em casa, toma banho lá em casa!" "Mas, eu não tenho toalha, nada..." "Eu arrumo tudo isso. Vamos lá." Fui. Lá chegando ele me apresentou o banheiro principal, dentro de casa: o chuveiro era só de água fria. "Será que você não tem um chuveiro que esquente?" "Tem um lá fora, mas ninguém usa. Se você quiser..." "QUERO!". Poderia continuar com o almoço, a viagem de volta e outras mazelas mais, mas, fico por aqui. E assim termina este infortúnio de um "pião de trecho". Duas semanas depois pedi as contas e voltei ao Brasil.