25 julho 2006

Eu não sou água

"Eu não sou água prá me tratares assim, só na hora da sede é que procuras por mim.... A fonte secou, quero dizer, que, entre nós dois tudo acaboou."
Esta música é uma homenagem ao riozinho, córrego, riacho, fio-d'água, ribeirão ou viela sanitária do condomínio que secou. Mas não creia que este fenômeno se restringe aos EEUU. Aqui nesta terra varonil a humidade relativa do ar está entre 20 e 23%, do sudeste ao nordeste. Com estes índices diria que este fenômeno deveria se chamar Humildade do ar. Mesmo assim, sabendo que a estiagem é um problema globalizado, creio que Zecão deveria escrever um poema em homenagem ao ex-riacho, já que seus dotes musicais não lhe permitem a composição de uma savana. Poderia começar assim:

"Tu que este mundo habitastes viçoso,
Trazendo tantas algas e bromélias
Por que te retirastes desgostoso
Deixando-nos a sofrer como umas velhas?
Será que nosso viver é insultuoso
Às suas belezas iguais às das camélias,
Ou será que devido a tantos amores sofridos
Achavas que Zecão não te daria ouvidos?"

Ao terminar estes versos, senti meus olhos marejarem, pois não há nada mais triste de ver que um rio secar pela falta das atenções dos homens.

Acho que esta poesia me foi mandada por Mesmeu, o filósofo triste.