11 abril 2006

Resposta do amigo

Inacreditável Aguiar,

Sinto-me lisonjeado como receptor de sua inspiração. Você continua evoluindo, enquanto outros (como eu) atravessam um deserto, árido de criatividade, de estilo e de outros temperos. Foi-se o tempo em que de meu cerebelo brotavam considerações ilógicas, mas precisas dentro do contexto. Absurdas, mas consistentes com a estrutura matemática do pensamento enlouquecido. Hoje, decadente, vivo à margem da vida, sem amparo ou guarida – oh, Deus, como meus textos são intrépidos e fugazes... Quoting, é o que muitos jazzmen fazem lembrando ao Clifford Brown. Aliás, procurei, procurei, (de lanterna na mão) e não encontrei “I Remember Clifford”, com a qual iria retribuir sua gentileza. A vida é curta, principalmente pra quem morre cedo. E ele foi precocemente, aí pelos seus 28 anos, para o outro lado. Ficou a lenda.

Passar bem

Carta a um amigo

Tonico

São coisas que acontecem e a gente não consegue explicar. Aconteceu comigo nestes dias de chuva e sol a pino. Sinto-me perfeitamente idiota ao ter que confessar esta minha ignorância ou insensibilidade. Mas, como amigo é pra essas coisas, vou confessar. Sei que sou um pouco alienado e às vezes, falo o que não sei e outras, não sei o que falo. Mas, devo dizer, em surdina que, acho que faltou orientação, principalmente de sua parte, pois, esta falha foi demais para mim. 61 anos, há pouco completados e não havia compartilhado momentos tão agradáveis com ele. Nunca é tarde para saber o que você não soube mais cedo. Cedo porém à beleza e à intimidade e digo, envergonhado e vexado (acho que são sinônimas), que, finalmente conheci Clifford Brown.

Adeus

E.T. - Porque adeus não se escreve ADeus?