12 maio 2007

Era uma vez

Era uma vez um engenheiro recém-formado e recém-casado, no ano de 1973, que desejava ardentemente ter um aparelho de som. Após visitar inúmeras vezes Bruno Blois e a Breno Rossi, em São Paulo, decidi comprar um equipamento: Amplificador Polivox, duas caixas de som idem e um pickup Garrard. Coisa muito boa, na época. Consultando o vendedor, soube que poderia fazer um financiamento, desde que tivesse um fiador. O primeiro nome que me ocorreu foi o do meu amigo Tonico. Mas o Tonico nunca foi chegado em ser fiador. Lembrei então do Dr. Nelson, advogado casado com a Prima Nice. Após algumas perguntas cabíveis do tipo: "Não vai ter problemas para pagar? etc., concordou em ser meu fiador. No outro dia ou outra noite, não sei bem, fomos à loja e financiei em 24 meses. O total era de Cr$3.172,41 e eu ganhava na época mais ou menos Cr$3.200,00. A prestação equivalia mais ou menos a 5% do meu salário. Foi uma dureza começar a vida de consumidor.

Porém, hoje, graças ao meu crescimento profissional e de fortuna pessoal, não preciso mais de fiadores: O pessoal da área financeira, me reconhecendo nas ruas, me entrega mil panfletos para me emprestar dinheiro, sem fiador, sem comprovação de renda e emprego fixo, sem nada. Recebo semanalmente várias cartas de consagradas instituições financeiras, como Citybank, Santander, Visa, Mastercard, American Express, etc., propondo que aceite seus cartões, uma vez que já tenho um crédito aprovado de R$2.500,00. A Vivo, Claro e Tim dizem que meu perfil é ótimo para o plano 300, me prometendo um celular de graça, de última geração até com um tal de bluetooth ou coisa que o valha. O ABN-Amro Bank diz que pode me financiar um Audi zero, com uma pequena entrada e juros menores que 1% ao mês. IPVA grátis. O Unibanco me diz que, embora eu já tenha um excelente padrão de vida, que tal entrar no Mega-Plim e ganhar uma bolada de 500.000 reais?

Portanto, após tanta luta, creio que finalmente fui reconhecido como um grande consumidor e, sendo assim, todas as facilidades me são oferecidas. Sou feliz!

12 comentários:

Anônimo disse...

Duas coisas proveitosas neste texto: o bom caráter e bom coração do Dr. Nelson e a boa veia humorística do Shiost. Foi bom também lembrar que o toca-discos Garrard era o (ou é AINDA?) top de linha dos tocadiscos.
Também é bom comemorar a volta do blogueiro. Escreva, escreva muito.

marianicebarth disse...

Eu não me lembrava dessa história de fiador, de jeito nenhum! Mas fico contente que tenhamos servido para alguma coisa. O que me lembro é que as visitas do lindo e querido casalzinho eram muito festejadas em nossa casa e que acompanhamos o nascimento do Flavinho e ainda que, numa dessas visitas em que a Lucy estava trocando as fraldas do bebê eu, grávida de nove meses quase completos (da Christina) caí um tombo e tive de ir para a Maternidade, nascendo a Christina logo na manhã seguinte, quinze dias antes do previsto.

Anônimo disse...

Um dos grandes valores do BLOG é provocar estas reminiscências familiares.

Anônimo disse...

Por falar em crescimento de fortuna pessoal, seria possível a gente falar num empréstimo para reforma do telhado de minha casa? Tenho como garantia um carro Monza 1986 e um cachorro - um lindo pastor alemão, com 11 anos de idade.

Anônimo disse...

BRINCADEIRA TEM HORA - Quando o Timtim passa pelas ruas de Barbacena todos saudam e reverenciam o PROFESSOR VALENTIM, se quiser financiamento terá não só para o telhado como para a casa inteira.
falou o Zecão, enquanto o monitor está aceso

Anônimo disse...

Belas reminiscências, envolvendo até o Dr. Nelson que como bom causídico deveria saber em que cumbuca estava metendo a mão.
Também tenho minhas histórias de procurar avalista ou fiador, sei como são difíceis esses momentos.
Saravá.
falou o Zecão

Anônimo disse...

PÔ, Zeca, deixa o Shiost se pronunciar. O dinheiro paulista cobra juros menores que o mineiro.

Anônimo disse...

O que seria dos heróis se não houvesse os vilões??? É preciso que haja sempre um mau caráter pra valorizar os bons companheiros, não é verdade? Pois é, é aí que eu entro neste blog. Eu sou o Tonico, aquele que que não quis (segundo o autor) ser o fiador... Que inverdade! A história há de esclarecer este episódio, limpando a minha imagem perante vocês...

caos e ordem disse...

estou participando ao blogueiro e seus leitores que estou com dois textos novos em www.segredo-do-zequinha.blogspot.com

falou o Zecão

Anônimo disse...

Continuo exaltando os milagres da Internet. Que beleza, o texto do Shiost provocar a reação do Tonico. Aliás, diga-se de passagem, o Shiost não afirmou que o Tonico não quis emprestar o dinheiro... Revejam o texto. Agora é esperar o desenrolar da história, para ver a reabilitação (ou é rehabilitação? Shiost) do Tonico.

Anônimo disse...

Nosso "caro" Tonico!
Que bom ter vc. no blog do Shiost, meu irmão Aguiar ou para mim, Deto!
Estou com saudade de vc. e Elsa.
De tudo que li adorei ficar com o cachorro do TimTim, em troca de um empréstimo, não meu mas do bolso do marido!

Cara prima Nice
Me lembro quando fui visitar a Christina em seu apartamento na Consolação. Sua filha era linda. De que ano ela é? Acho que eu estava grávida do Daniel que é 3 meses mais novo que o Flavinho.

Façam uma corrente positiva; amanhã às 9hs nasce a oitava(o) neta(o) da mamãe,a Luiza, filha da Cláudia e neta da M. Christina!
Que venha cheia de saúde para alegria de todos!

Anônimo disse...

Correção: BISNETA DA MAMÃE!