01 março 2007

Parafuso. Dr. Preto, etc.

Trudia tomava eu umas cervejas na Praça do Parafuso, em Piracicaba, quando, surpresa!, descobri que o Parafuso não era um monumento à Dedini, à Zanini, à NG, etc., grandes empresas de máquinas, fornecedoras de equipamentos para as usinas de álcool e açúcar. Nunca examinei bem a praça, mas achava que havia um parafuso enorme simbolizando a grandeza das indústrias piracicabanas. Nesse dia, quase noite, descobri que parafuso era um negão, o maior repentista de Piracicaba, morto há vários anos. Rolou um papo de fazer uma noite temática, uma vez por mês, relembrando as peripécias do Parafuso, suas fotos, repentes e tudo o mais. Daí, tinha um negão tomando a sua também lá no buteco que perguntou: Vocês lembram do Dr. Preto? Ninguém se lembrava. Ele contou sua história: Dr. Preto era um escravo que foi treinado pelos patrões para cuidar da saúde dos escravos da fazenda. Era meio fora de propósito tratar dos negros com um médico branco, de verdade. Esse Dr. Preto ficou famoso por ter cuidado tão bem dos escravos, que existe até hoje um busto dele no Engenho Central, uma usina antiga, tombada, local que ora abriga exposições, feiras e eventos culturais em Piracicaba. O etecétera fica por conta de Mesmeu, que narra, em seu primeiro tratado hermenêutico, sua disposição de se tornar um arco-íris, mesmo sabendo que a extemporaneidade de um arco-íris depende principalmente da chuva, do sol e do tesouro que existe no fim dele. Relatando este fato à Afrodíase, que além de muito cética, era muito ordinária, desistiu imediatamente da idéia quando ela disse: "Acho arco-íris uma merda." Foi então que foi amadurecendo a idéia de se transformar em luminárias pelo mundo afora.

Matutando sobre esses assuntos resolvi reler o Sargento Getúlio, do Luiz Fernando Veríssimo.

5 comentários:

Antônio disse...

Essa rolinha resolveu fazer um ninho na samambaia da Lucy. Antes da concepção o casalzinho andava junto nos fios da rede elétrica e construiam o ninho juntos.. Depois que ela botou os ovinhos o cafageste se mandou. Porém, parece que ela passa a noite com ele, pois não dorme na samambaia. Acho um absurdo a mãe abandonar seus ovos para ir namorar...

marianicebarth disse...

Adorei as histórias, do Dr. Preto, do Parafuso, das reuniões com música para revivê-lo e da maneira leve e fácil com que você contou.
E a rolinha é uma lindeza no vaso da Lucy!
E viva Mesmeu! A Lâmpada feliz!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

BUTECO TAMBÉM É CULTURA - Vamos aí trocando os comentários: Zecão escreve Shiost comenta, Shiost publica Zecão comenta.
Agora quero conhecer o pitoresco lugar descrito pelo blogueiro: "a praça do parafuso".
Que lugar democrático onde o negrão tem a oportunidade de se manifestar e fazer o seu relato sobre o Dr. Preto.
Também quero conhecer o busto desse Doutor, pois já estive no referido local numa noite de autógrafos mas perdi a oportunidade de ver o tal busto.
Quanto às referências mitológicas, sempre me sinto meio embananado pois sendo o Shiost muito zombeteiro, sempre fico em dúvida sobre a possibilidade de os nomes e histórias serem um mixto de realidades e invencionices.
falou o Zecão em 4 de março de 2007.

Anônimo disse...

Dá para entender porque ficamos chateados qdo "te" dá cansaço, preocupações ou ou coisas assim? Precisamos ler suas matérias, às vezes malucas, às vezes bastante interessantes, mas sempre criativas e bem escritas.
Concordo: as fotos são muito boas e esta está linda demais. Sabia que em sua gde maioria, os pássaros não abandonam suas parceiras, sendo fiéis a uma, bem diferente de alguns bichos homens??? (feminino e masculino)