01 maio 2006

Self-Service

Embora Renato sempre soubesse que nem tudo é para sempre e que nem toda infelicidade é duradoura, viu-se, certo dia numa situação achacapante ou acachapante. Perdeu o olfato. Não o olfato total, mas o olfato seletivo.
Percebeu primeiramente a disease ao ir a um self-service que frequentava todo o dia. Sentiu cheiro de flores, principalmente jasmins. Quem já teve a felicidade de estar próximo a um canteiro de jasmins saberá o que digo. Não há cheiro mais envolvente e cristalino que o cheiro de um canteiro de jasmins. Ficou feliz, pois, afinal, aquilo sim era um cheiro gostoso e não aquele cheiro de frituras e banhas que sentia sempre no dito self-service. Feliz, resolveu optar naquele dia por macarrão, bem fininho, do tipo talharini, número 8, alho e óleo. Qual não foi sua surpresa ao notar que o cheiro do macarrão era de chocolate. Chamou o dono do local, pois o restaurante não tinha gerente e nem sub-gerente e muito menos maitre e disse: "Cacete, este macarrão está com cheiro de chocolate." O dono deu uma cheirada no prato do Renato e, não notando nada de anormal, disse para pegar outro tipo de comida pois iria verificar o ocorrido. O cara tinha a manha de comércio. Renato então, satisfeitíssimo, resolveu pegar um arrozinho com feijão, farofa e bife acebolado. ao chegar à mesa percebeu um cheiro estranho de mictório, aquele cheiro azedo e chamou novamente o dono, dizendo: "Olha que cheiro de mictório." O dono, já desconfiado chamou a caixa e perguntou: "Nadir, que cheiro tem este prato?" A mocinha, pega de surpresa e sendo obrigada a comer aquela comida todo o dia disse: "Cheiro de self-service." "Como, self-service?" perguntou o patrão. Ela disse: "Tudo neste self-service tem o mesmo gosto e cheiro, portanto esse prato está cheirando self-service." Porém, o dono disse a ela que o cliente estava reclamando que o cheiro era de mictório. "Com cheiro de mictório tá o da sua mãe!". Na hora em que Renato ia dar um chega prá lá na garçonete, chegou um cliente pedindo café expresso. Renato disse: "Eu sei que estão fazendo café, mas eu estou sentindo cheiro de groselha. É uma nova fórmula?" O dono, percebendo que seu cliente estava descalibrado, acionou o Corpo de Bombeiros. Quando os enfermeiros chegaram, puseram logo uma máscara de éter para acalmar o Renato. Foi aí que ele gritou: "Cocaína? Manda mais que eu gosto!"

2 comentários:

caos e ordem disse...

Oi Shiost, bela produção. Minha sobrinha de Barbacena fazia curso de nutrição e pedia pra eu traduzir uns textos do Inglês, que tratavam de doenças do sistema digestivo, foi quando vi muito repetida a palavra "desease", isso foi há uns 2 anos. Não é que agora demorou a cair a ficha mas acabei me lembrando.
Bela produção, o dia em que não sair nada copia um texto antigo seu. Comenta texto dos outros, de livros, revista, comenta a greve de fome do Garotinho, mas continua, vai em frente que o mundo merece você.
Tinha esquecido desse final da cocaína, foi legal.

Anônimo disse...

pela primeira vez o meu excelente dicionário Webster's falhou e fiquei sem saber o significado de "desease". Não faz mal não, valeu pelo final da cocaina e pelo "the book on the table", revelando que está prestes a procurar psicólogo ou psiquiatra, ainda mais que aproveitou a inocente brincadeira do "dedo no chão e c. no vento" , pra descambar para a maior pornochanchada familiar. Fiquei com DÓ DO DINHO.