12 setembro 2006

O carteiro e a apaixonada

Como cultor do cancioneiro popular brasileiro, obviamente, chutando para fora deste seleto grupo de compositores e cantores os Chitões, Zezés, Xororós, Lucianos, etc., até hoje estou intrigado com o que estava escrito na carta. Partindo do princípio que "Quando o carteiro chegou e meu nome gritou com uma carta na mão", dá para perceber que o Carlão, o carteiro tava sabendo das desditas da Isaurinha. Em seguida ela diz: "Ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão." Observando bem estes dois versos da música chegamos à brilhante conclusão que a heroína apaixonada não morava num apê. Sabemos também que ela sabia ler pois, continuou: "Lendo o envelope bonito, no seu sobrescrito eu reconheci a mesma caligrafia que me disse um dia estou farto de ti!" Nesta hora a enamorada queria dizer remetente(Na época ainda não havia o CEP). Mas, tudo bem, coisas de apaixonados. "Porém não tive coragem de abrir a mensagem" Nesta hora, chutou o balde, pois o Nicanor mandou uma carta e ela a classificou como uma simples mensagem, como essas de e-mail. "Porque na incerteza eu meditava e dizia será de alegria ou será de tristeza" A mocinha não consegue encarar a verdade de frente! Continua: Filosofa: "Quanta verdade tristonha a mentira risonha uma carta nos traz". Tem horas em que a filosofia funciona ao contrário. E terminou assim: "E assim pensando rasguei tua carta e queimei para não sofrer mais."
Até hoje, 50 anos depois de ouvir essa música pela primeira vez, tenho curiosidade de saber o que havia na carta.
Há várias possibilidades:
1. Um papagaio do Comind, já vencido, pela compra da enceradeira.
2. Uma conta com todas as despesas gastas pelo Nicanor durante o namoro.
3. Um pedido autoritário para ela devolver sua vitrola portátil e o disco do Carlos Galhardo.
4. Uma intimação do juizado de menores, em que constava a guarda do filho, ainda em gestação.
5. Uma poesia mostrando todo o seu arrependimento e pedindo para ela voltar, inclusive dizendo que pagaria o papagaio do Comind.
6. Um pedido para ela ficar de olho nesse carteiro sem vergonha.
7. Uma foto, onde aparecem abraçados Nicanor e seu novo namorado, o Rubinho.

Peço aos amigos que me ajudem. Por certo, hão de haver outras possibilidades.

Compositores: Cícero Nunes e Aldo Cabral



Acima a Irmãcaçula, Cecília e um pedaço de sua família: Gil e Priscila.

4 comentários:

Anônimo disse...

Puxa! Hoje sou eu a primeira a comentar!?
Você fez uma bela análise de texto musical, aíás, interessante.
Embora um pouco confusa e misteriosa esta letra, fico com a quinta opção; não sei se poesia, mas era algo referente a pedir perdão e tentar uma reconciliação.
É o que me diz minha intuição feminina. Ela preferiu não abrir para não se iludir novamente e sofrer uma vez mais.
Simples, meu caro, Watson! Ou será que não?
"Um pedaço da família é interessante!

Anônimo disse...

"E eu fico com a pureza da resposta das crianças: é bonita, é bonita e é bonita"!
"E a vida, e a vida o que é, diga lá, meu irmão........" (Gonzaguinha) em resposta ao zecão.

Anônimo disse...

Não penso que poderia ter sido uma reconciliação. Como diz aquele "velho deitado": O amor que já era é o amor que nunca foi. Simples assim! Não, certamente não! O sacana estava enviando a ela uma participação de casamento, ou apenas de maldade ele estaria verificando o grau de aquecimento do coração da rejeitada, ou talvez nem isso, pois ele "ficara farto" da pobrezinha. Não há nada, mas nada mesmo, pior do isso. Que mulher suportaria? Ela fez muito bem de rasgar sem ler a famigerada carta! E a destinatária primou pela ausência de curiosidade, o que é admirável numa mulher! Lindo!

Antônio disse...

Duas mulheres

Irmãcaçula e PrimaNice discordam entre si. Para acabar com essa indefinição, ponho um ponto final à essa dúvida. Pensando muito, descobri o porquê da carta. Nicanor encheu o rabo de saquê e mandou o Rubinho mandar uma carta pro Fernando. Depois de dar uma cheiradinha, Rubinho perguntou: "Cadê o endereço do Fernandão?" "Num sei, disse Nicanor. Manda a carta prá Isaurinha." "O que que eu escrevo nela?" "Nada.".